quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Aviso :/





Gente o mail do blog não tá funcionando direito,por isso que eu to sumida daqui eu venho postando aqui nesse SITE,eu tentei varias vezes entrar aqui pra postar mais não consegui,só consegui agora postei alguns capitulo,mais eu sei que mas tarde ou depois quando eu for postar novamente aqui não vai funcionar :/ ,então novamente,parei de postar OBSESSION aqui,mais eu continuei ela AQUI. :D

Lá vocês podem votar na fic,comentar,conversar comigo :) então é isso pessoal.

Obsession : AQUI
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Obsession- Chapter Eight/Parte Tree






Tenho andado sem tempo

Algumas mulheres ao meu lado


Tenho o pecado em minha mente, bebendo vinho tinto

Estou sentado aqui há tempos
Arrancando as páginas


Como eu fiquei tão acabado

Não, não, não me deixe sozinho agora


Se você me amava


Como nunca aprendeu


– Espera, (s/n) – chamou Liam e, apesar de eu querer ignorá-lo, ele era a coisa mais próxima de um amigo que eu tinha naquele lugar. Diminuí o passo quando cheguei ao corredor, longe de todos os olhos curiosos, e deixei Liam me alcançar. – O que aconteceu ali não foi o que você pensou – disse ele, chegando por trás de mim.
Tive vontade de rir. Ele era cego mesmo no que dizia respeito ao irmão.
– Não tem importância. Eu não deveria ter aparecido. Deveria ter entendido que o convite dele não foi sincero. Queria que ele simplesmente tivesse me dito para ficar no quarto, como queria que eu ficasse. Não entendo esses joguinhos de palavras – rebati e atravessei a cozinha a passos largos em direção à despensa.
– Ele tem problemas. Isso eu admito, mas do jeito torto dele o Harry estava protegendo você – disse Liam quando a minha mão tocou a fria maçaneta de latão da porta da despensa.
– Continue acreditando no melhor dele, Liam. É isso que os bons irmãos fazem – respondi, abrindo a porta com um tranco e fechando-a atrás de mim.

Depois de respirar fundo algumas vezes para aliviar a dor no peito, entrei no meu quarto e desabei na cama.
Festas não era a minha praia. Aquela era a segunda à qual eu ia e a primeira não tinha sido muito melhor. Na verdade, foi muito pior. Eu fora fazer uma surpresa para James e acabara tendo eu própria uma surpresa. Encontrei-o no quarto de Jamie Kirkman chupando o peito dela. Eles não estavam transando, mas estavam quase lá. Fechei a porta sem fazer barulho e saí pelos fundos.
Algumas pessoas me viram e souberam o que eu tinha flagrado. Uma hora mais tarde, James apareceu na minha casa chorando e implorando perdão de joelhos.
Eu o amava desde os 13 anos e foi nele que dei o meu primeiro beijo. Era incapaz de odiá-lo.
Simplesmente o deixei ir. Esse foi o fim do nosso relacionamento. Aliviei a sua consciência e continuamos amigos. Algumas vezes ele tinha perdido a linha e me dito que me amava e queria voltar comigo, mas na maior parte do tempo tinha uma garota diferente no banco de trás do
Mustang a cada fim de semana. Eu era apenas uma lembrança da infância.
Nessa noite, ninguém tinha me traído. Eu simplesmente fora humilhada. Estendi a mão para tirar os sapatos da minha mãe e guardá-los direitinho na caixa em que eles sempre estiveram. Em seguida, coloquei a caixa dentro da minha mala. Não deveria ter usado aqueles sapatos. A próxima vez em que os calçasse seria especial. Seria para alguém especial.
O mesmo valia para aquele vestido. Quando eu tornasse a usá-lo, seria para alguém que me amasse e me achasse linda. O preço na etiqueta não teria importância.
Levei a mão às costas para abri-lo quando a porta se abriu e o pequeno vão foi preenchido pela forma de Harry. Estava muito zangado.
Ele não disse nada e deixei as minhas mãos caírem junto ao corpo. Não iria tirar o vestido ainda.
Ele entrou e fechou a porta. Mal cabia naquele quartinho. Tive que recuar e sentar na cama para ele poder ficar ali sem nos tocarmos.
– De onde você conhece Zayn? – perguntou com um rosnado.
Sem entender, ergui os olhos para ele e me perguntei por que o fato de eu conhecer Zayn o incomodava tanto. Eles não eram amigos? Seria por isso? Ele não me queria perto dos seus amigos?
– O pai dele é dono do country club. Ele joga golfe. Eu sirvo bebidas para ele.
– Por que você pôs essa roupa? – perguntou ele com uma voz fria e dura.
Isso foi à gota d’água. Tornei a me levantar e fiquei na ponta dos pés para falar bem na cara dele.
– Porque a minha mãe comprou para eu usar. Eu levei um bolo e acabei não usando. Hoje à noite você me convidou e eu queria me encaixar, então pus a melhor roupa que tinha. Sinto muito se não é boa o suficiente. Mas sabe de uma coisa? Estou cagando para o que você pensa. Você e os seus amigos mimados e arrogantes precisam descer do salto.

Cutuquei o peito dele com o dedo e o encarei, irada, desafiando-o a dizer qualquer outra coisa sobre o meu vestido.
Harry abriu a boca, em seguida fechou os olhos com força e balançou a cabeça.
– Puta que pariu – rosnou.
Então seus olhos se abriram depressa e, antes que eu percebesse, suas mãos estavam nos meus cabelos e a sua boca sobre a minha. Eu não soube como reagir. Sua boca era macia, mas firme, e ele lambeu e mordiscou o meu lábio inferior. Então abocanhou o meu lábio superior e chupou bem de leve.
– Queria provar esse lábio delicioso e carnudo desde que você apareceu na minha sala – murmurou antes de enfiar a língua na minha boca enquanto eu arquejava ao ouvir as suas palavras.
A boca de Harry tinha gosto de hortelã. Meus joelhos enfraqueceram e eu estendi a mão para segurar os seus ombros e me equilibrar. Sua língua então acariciou a minha como se me pedisse para entrar na brincadeira. Fiz um pequeno movimento com a língua dentro da boca dele, depois mordi de leve o seu lábio inferior. Um fraco grunhido escapou da sua garganta e, quando percebi, ele já estava me deitando sobre a pequena cama atrás de mim.
O corpo de Harry caiu por cima do meu e algo duro, que eu sabia ser uma ereção, pressionou o espaço entre as minhas pernas. Meus olhos se reviraram nas órbitas e ouvi um gemido incontrolável escapar da minha boca.
– Delícia – murmurou Harry junto à minha boca antes de se afastar e dar um pulo para longe de mim.
Ele cravou os olhos no meu vestido. Percebi que a roupa estava agora embolada em volta da minha cintura, e que a calcinha estava aparecendo.

hahahah eu sou muito mal pkkpoksposkpos foi mal

Obsession - Chapter Eight/Part Two











Você é a força

Que me mantém caminhando


Você é a esperança


Que me mantém confiante


Você é a vida


Para a minha alma


Você é meu propósito


Você é tudo


– Por que você não volta para a festa e encontra algum homem idiota em quem afiar as suas garras, Katy?
Ainda segurando firme o meu quadril e me obrigando a ir com ele, Zayn andou em direção à porta, onde a maior parte da festa estava acontecendo.
– Acho que eu deveria voltar para o meu quarto. Não deveria ter vindo aqui hoje – falei, tentando impedir a nossa entrada na festa. Eu não precisava entrar lá com Zayn. Algo me dizia que isso era má ideia.
– Por que não me mostra onde fica o seu quarto? Eu também gostaria de fugir.
Fiz que não com a cabeça.
– Não cabemos os dois lá dentro.
Zayn riu e abaixou a cabeça para dizer alguma coisa no meu ouvido. Nesse instante, os meus olhos cruzaram com os olhos prateados de Harry. Ele me observava com atenção. Não parecia contente. Será que o seu convite para essa noite tinha sido por cortesia? Será que eu entendera errado?

– Preciso ir embora. Não acho que Harry me queira aqui.
Eu me virei, ergui os olhos para Zayn e me afastei do seu abraço.
– Que bobagem. Tenho certeza de que ele está ocupado demais para se preocupar com o que você está fazendo. Além disso, por que não iria querer que você fosse à festa da sua outra irmã?
Outra vez aquela história de irmã. Por que Liam me dissera que Harry era filho único? Era óbvio que Clary era irmã dele.
– Eu, hã... Na verdade, ele não me assume como membro da família. Eu sou só um parente indesejada do marido novo da mãe dele. Eu só estou aqui por mais uns quinze dias, até conseguir algum lugar para morar. Não sou uma hóspede querida nesta casa.
Forcei um sorriso na esperança de que Woods entendesse a situação e me deixasse ir embora.
– Nada em você é indesejado. Nem mesmo Harry é tão cego assim – disse ele, aproximando-se de mim outra vez enquanto eu recuava.
– (S/n), venha cá. – A voz autoritária de Harry veio de detrás de mim enquanto a sua mão grande segurava o meu braço e me puxava para perto de si. – Não imaginava que você fosse vir hoje. – O tom de alerta na sua voz me informou que eu havia entendido mal o seu convite. Ele não falara sério.
– Desculpe. Pensei que você tivesse dito que eu podia vir – sussurrei, constrangida, pensando que Zayn estava ouvindo aquela conversa.
E que outras pessoas também a estavam assistindo. Na única vez em que eu decido ser corajosa e sair da minha concha, vejam o que acontece.
– Eu não imaginava que você fosse aparecer vestida assim – retrucou ele com uma calma inabalável.

Ainda estava olhando para Zayn. O que havia de tão errado com a minha roupa? Minha mãe tinha se sacrificado para eu poder ter aquele vestido e eu nunca chegara a usá-lo. Na época, 60 dólares era muito dinheiro para nós. Eu estava de saco cheio daquele bando de meninas e meninos mimados e idiotas que agiam como se eu estivesse vestida com algo repugnante. Eu adorava aquele vestido. Adorava aqueles sapatos. Meus pais um dia tinham sido felizes e apaixonados. Os sapatos faziam parte disso. Eles que fossem todos para o inferno.

Eu me esquivei de Harry com um tranco e voltei para a cozinha. Se ele não me queria ali e tinha vergonha do que os seus amigos pensariam, deveria ter dito. Em vez disso, me fez passar por boba.
– Porra, cara, qual é o seu problema? – perguntou Zayn, zangado.
Não olhei para trás. Torci para eles começarem uma briga. Torci para Zayn quebrar aquele nariz perfeitinho do Harry. Mas duvidava que isso fosse acontecer porque, embora Harry fosse um deles,
Parecia um pouco mais rude.

Obsession- Chapter Eight / Part One



(Harry & Clary(--') )

Você me achou, você me achou

Deitado no chão


Cercado, cercado


Por que você teve que esperar?


Onde você estava?


Só um pouco tarde


Você me achou


Ficar longe de Harry não era exatamente fácil, já que estávamos morando sob o mesmo teto. Ainda que ele tentasse manter distância, continuávamos a nos esbarrar. Ele também evitava cruzar olhares comigo, mas isso só fazia aumentar o meu fascínio.
Dois dias depois da nossa conversa na praia, entrei na cozinha após comer o meu sanduíche de manteiga de amendoim e fui cumprimentada por mais uma mulher seminua. Ela estava descabelada, mas mesmo assim, era atraente. Eu detestava garotas desse tipo.
Ela se virou para me olhar. Sua expressão de surpresa logo se transformou em irritação. Piscou os olhos castanhos e levou a mão ao quadril.
– Você acabou de sair da despensa?
– Sim. E você, acabou de sair da cama do Harry ? – retruquei.
As palavras saíram antes que eu conseguisse me controlar. Harry já me dissera que a sua vida sexual não era da minha conta. Eu precisava calar a boca.
A garota ergueu as sobrancelhas muito bem-feitas e então um sorriso atravessou os seus lábios; ela estava achando graça.
– Não. Não que eu fosse recusar se ele me deixasse, mas não diga isso ao Liam. – Ela fez um gesto como quem espanta uma mosca. – Deixe estar. Ele já deve saber mesmo.
Fiquei sem entender.
– Quer dizer que você acabou de sair da cama do Liam? – perguntei, percebendo que aquilo tampouco era da minha conta.
Mas Liam não morava ali, então eu estava confusa.
A garota correu os dedos pelos cachos castanhos descabelados e deu um suspiro.
– É. Ou pelo menos da antiga cama dele.
– Antiga? – estranhei.
Um movimento na porta chamou minha atenção e o meu olhar cruzou com o de Harry. Ele me observava com um sorriso de ironia. Que ótimo. Ele tinha me ouvido bisbilhotar. Quis desviar os olhos e fingir que não acabara de perguntar a uma garota se ela havia dormido com ele. O brilho do seu olhar me informou que era inútil: ele já sabia.
– (S/n), desculpe se a interrompi. Pode continuar a interrogar a amiga do Liam. Tenho certeza de que ele não vai se importar – falou Harry com a sua voz arrastada.
Ele cruzou os braços na frente do peito e se apoiou no batente da porta como se estivesse se acomodando.
Abaixei a cabeça e andei até a lixeira para limpar as migalhas de pão das mãos enquanto pensava no que fazer. Não queria continuar aquela conversa enquanto Harry estivesse escutando, isso me faria parecer interessada demais nele. Coisa que ele não queria.
– Bom dia, Harry. Obrigada por nos deixar ficar aqui ontem à noite. Liam tinha bebido demais para voltar dirigindo para a casa dele – falou a garota.
Ah. Então era isso. Que droga. Por que eu tinha me deixado vencer pela curiosidade?
– Liam sabe que o quarto é dele sempre que quiser – disse Harry.
Pelo canto do olho, pude ver quando ele se afastou do batente e andou até a bancada. Tinha os olhos pregados em mim. Por que ele não deixava aquela história por isso mesmo? Eu iria embora discretamente.
– Bom, hã, então eu acho que vou voltar lá para cima. – A voz da garota soou insegura.
Harry não disse nada e não olhei para nenhum dos dois. A garota aproveitou a deixa para se retirar e eu aguardei até ouvir os passos dela na escada antes de olhar para Harry.
– (S/n) querida, a curiosidade matou a gatinha – sussurrou ele, aproximando-se de mim. – Pensou que eu tivesse trazido mais alguém para dormir? Humm? Estava tentando saber se essa daí tinha passado a noite na minha cama?
Engoli em seco, mas não falei nada.
– Com quem eu vou para a cama não é assunto seu. A gente já não falou sobre isso?
Consegui concordar. Se ele me deixasse ir embora, nunca mais falaria com qualquer outra mulher que aparecesse na sua casa.
Harry estendeu a mão e enrolou uma mecha dos meus cabelos no dedo.
– Você não quer me conhecer. Talvez ache que quer, mas não quer. Juro que não.
Se ele não fosse tão gato nem estivesse tão perto de mim, seria mais fácil acreditar nisso. Mas quanto mais ele me pressionava, mais intrigada eu ficava.
– Você não é o que eu imaginava. Preferiria que fosse. Seria bem mais fácil – disse ele com uma voz grave antes de soltar o meu cabelo e se afastar.
Quando a porta que conduzia à varanda dos fundos se fechou, soltei a respiração que estava prendendo.
O que ele queria dizer? O que tinha imaginado?

Nessa noite, quando voltei do trabalho, Harry não estava em casa.
Abri os olhos e me virei para olhar o pequeno despertador sobre a mesa de cabeceira. Já passava das nove da manhã. Eu realmente tinha dormido até mais tarde. Espreguicei-me e estendi a mão para acender a luz. Tinha tomado banho na noite anterior, então estava limpa. Havia ganhado mais de mil dólares naquela semana. Decidi que podia começar a procurar apartamentos naquele dia, para conseguir logo um lugar para morar.
Passei as mãos pelos cabelos e tentei domá-los antes de me levantar. De manhã, queria passar um tempinho deitada na praia. Ainda não fizera isso. Iria aproveitar o mar e o sol.
Puxei a minha mala embaixo da cama e procurei lá dentro o meu biquíni rosa. Era o único que eu tinha. Para falar a verdade, quase não fora usado. O estampado de renda branca com detalhes em cor-de-rosa caía bem com o meu tom de pele.
Quando o vesti, pensei que o biquíni era menor do que eu me lembrava. Ou isso ou o meu corpo tinha mudado desde a última vez em que eu o usara. Tirei da mala uma camiseta sem manga para usar por cima e peguei o protetor solar que havia comprado depois do meu primeiro dia de trabalho. Protetor era obrigatório no meu emprego.
Apaguei a luz, saí da despensa e entrei na cozinha.

– Caramba. Quem é essa? – perguntou um cara mais jovem, assustando-me quando entrei no espaço iluminado.
Olhei para aquele desconhecido sentado no bar, me encarando com a boca escancarada, e em seguida para a geladeira onde Liam estava em pé, sorridente.
– Você sai desse quarta vestida assim todo dia de manhã? – perguntou Liam.
Eu não imaginava que fosse encontrar alguém ali.
– Não. Geralmente estou com a roupa do trabalho – respondi enquanto o menino no bar dava um assobio. Ele não devia ter mais do que 16 anos.
– Pode ignorar esse idiota cheio de hormônios. O nome dele é Max. A mãe dele é irmã d e Anne. Portanto, de um jeito bem indireto, ele é o meu primo mais novo. Apareceu aqui ontem à noite depois de fugir de casa pela centésima vez. Harry me ligou para vir buscá-lo e levá-lo de volta para aquela sua casa de doidos.
Harry. Por que ouvir o nome dele fazia o meu coração disparar? Porque ele era perfeito; tanto que chegava a ser injusto. Só por isso. Balancei a cabeça para espantá-lo dos meus pensamentos.
– Prazer, Max. Eu sou a (S/n). Harry teve pena e me acolheu até eu conseguir arrumar um lugar para morar.
– Ué, pode vir para casa comigo. Não vou obrigar você a dormir debaixo da escada – ofereceu Max.
Não pude reprimir um sorriso. Esse tipo de azaração inocente eu entendia.
– Obrigada, mas não acho que a sua mãe vá gostar muito disso. Estou bem debaixo da escada. A cama é confortável e não preciso dormir armada.
Liam deu uma risadinha e Max arregalou os olhos.
– Você anda armada? – perguntou ele, assombrado.
– Pronto, agora você conseguiu. É melhor eu tirar esse menino daqui antes que ele se apaixone mais ainda – falou Liam, pegando a xícara que acabara de encher de café. Seguiu falando enquanto se encaminhava para a porta. – Vamos lá, Max, antes que eu vá acordar Harry e você tenha que lidar com aquela coisa ruim.
Max olhou para ele e logo em seguida para mim, como se encarasse um dilema. Foi uma graça.
– Agora, Max – disse Liam em um tom mais autoritário.
– Ei, Liam? – chamei antes de ele chegar à porta.
Ele se virou de novo e olhou para mim.
– Fala.
– Obrigada pela gasolina. Vou te pagar assim que receber o meu salário.
Ele fez que não com a cabeça.
– Não vai pagar, não. Eu ficaria ofendido. Mas de nada. – Ele deu uma piscadela, depois olhou para Max com um ar severo antes de sair da cozinha.
Acenei para me despedir de Max. Depois pensaria em um jeito de pagar Liam sem ofendê-lo.
Devia haver um jeito. Por enquanto, os meus planos eram outros. Fui até as portas que davam para fora. Estava na hora de aproveitar o meu primeiro dia de verdade na praia.
Estiquei-me sobre a toalha que pegara emprestada no banheiro. Teria que lavá-la à noite.

Era a única que eu tinha para me secar e agora iria ficar cheia de areia. Mas valeria muito a pena.
A praia estava tranquila. As outras casas ficavam afastadas, de modo que aquele trecho era bem vazio. Sentindo-me corajosa, tirei a camiseta e a embolei debaixo da cabeça. Então fechei os olhos e deixei o barulho das ondas me ninar até adormecer.

– Por favor, me diga que passou protetor.
A voz rouca se derramou sobre mim e inclinei o corpo em sua direção. Seu cheiro era uma delícia. Precisava chegar mais perto.
Quando abri os olhos, pisquei por causa da luz forte do sol e vi Harry sentado ao meu lado. Ele estava me observando. Qualquer calor ou bom humor que eu pudesse ter imaginado na sua voz havia desaparecido.
– Está usando protetor, não está?
Respondi que sim e me levantei até ficar sentada.
– Ótimo. Detestaria ver essa pele lisinha e branca ficar vermelha.
Ele achava a minha pele lisinha e branca. Soava como um elogio, mas não tive certeza se era adequado agradecer.
– Eu, hã, passei antes de sair.
Ele continuou a me encarar. Lutei contra o impulso de pegar a camiseta e vesti-la por cima do biquíni. Eu não tinha o mesmo corpo das meninas com quem o vira. Não gostava de sentir que ele estava me comparando.
– Não vai trabalhar hoje? – perguntou ele, por fim.
Fiz que não com a cabeça.
– Estou de folga.
– Como vai o emprego?
Até que ele estava sendo educado. Pelo menos não estava me evitando. Por mais bobo que parecesse, eu queria a sua atenção. Sentia uma atração por ele que não conseguia explicar. Quanto mais ele mantinha distância, mais eu queria me aproximar. Ele inclinou a cabeça e levantou uma das sobrancelhas, como se estivesse esperando que eu dissesse alguma coisa.
Ah, sim. Ele me fizera uma pergunta. Culpa daqueles seus olhos verdes: era difícil me concentrar.
– Desculpe, o quê? – perguntei, sentindo o meu rosto ficar quente.
Ele deu uma risadinha.
– Como vai o emprego? – perguntou devagar.
Eu precisava parar de parecer uma idiota sempre que estava perto dele.
– Bem. Estou gostando.
Harry sorriu e olhou na direção do mar.
– Aposto que está.
Passei alguns segundos refletindo sobre esse comentário.
– Como assim? – perguntei.
Harry  deixou os olhos passearem pelo meu corpo, depois tornou a me encarar. Eu estava arrependida de não ter posto a camiseta de novo.

– Você sabe que é bonita, (S/n) . Sem falar nesse seu sorriso encantador. Os golfistas lá do clube estão lhe pagando uma nota.
Ele estava certo em relação às gorjetas. Também estava me deixando sem ar ao olhar para mim daquele jeito. Queria que ele gostasse do que via, mas ao mesmo tempo me sentia apavorada com o que poderia acontecer. E se ele mudasse de ideia quanto a manter distância? Será que eu estaria à altura?
Passamos algum tempo sentados em silêncio; ele manteve os olhos fixos à frente. Pude ver que estava pensando em alguma coisa. Tinha o maxilar contraído e uma expressão sombria. Repassei tudo o que tinha dito, mas não consegui pensar em nada que pudesse tê-lo deixado chateado.
– Quanto tempo faz que a sua mãe morreu? – perguntou ele, tornando a olhar para mim.
Eu não queria falar sobre a minha mãe, não com ele. Mas ignorar a pergunta seria uma grosseria.
– Trinta e seis dias.
Ele trincou o maxilar como se estivesse com raiva de alguma coisa e o seu semblante ficou mais carregado.
– Seu pai sabia que ela estava doente?
Mais uma pergunta que eu não queria responder.
– Sabia, sim. Também liguei para ele no dia em que ela morreu. Ele não atendeu. Deixei recado.
O fato de ele nunca ter retornado a ligação era doloroso demais para admitir.
– Você odeia o seu pai? – Harry quis saber.
Queria odiar. Desde o dia em que a minha irmã tinha morrido, ele só me causara dor. Mas era difícil. Ele era o único parente que eu tinha.
– Às vezes – respondi sincera.
Harry assentiu, estendeu a mão e enganchou o dedo mindinho no meu. Não falou nada, mas nessa hora nem precisava. Aquela única pequena conexão dizia tudo. Eu podia não conhecer Harry muito bem, mas estava me afeiçoando a ele.
– Vou dar uma festa hoje à noite. É aniversário da minha irmã Clary. Sempre dou uma festa para ela. Pode não ser a sua praia, mas está convidada, se quiser.
Irmã? Ele tinha uma irmã? Pensei que fosse filho único.Clary não era a menina que tinha sido grossa na noite da minha chegada?
– Você tem irmã?
Harry deu de ombros.
– Tenho.
Por que Liam tinha dito que ele era filho único? Esperei a explicação, mas ele não deu mais detalhes. Então decidi perguntar.
– Liam falou que você era filho único.
Senti o corpo de Harry ficar tenso. Ele balançou a cabeça enquanto desenganchava o mindinho do meu e se virava para o mar.
– O Liam não devia ficar contando as minhas coisas. Por mais que ele queira levar você para a cama.
Ele se levantou e não tornou a olhar para mim enquanto se virava e tomava novamente o rumo da casa.
Havia algo de proibido em relação a Clary. Eu não fazia a menor ideia do que fosse, mas com certeza era proibido. Eu não deveria ter sido tão intrometida. Levantei-me e fui até o mar. Estava calor e eu precisava de algo que me distraísse. Sempre que baixava um pouquinho a guarda em relação a Harry, ele me lembrava por que era melhor mantê-la bem firme no lugar. Que cara estranho. Gostoso, lindo e delicioso, mas estranho.

Sentada na cama, fiquei ouvindo os risos e a música que tomaram conta da casa. Passara o dia inteiro mudando de ideia quanto a ir àquela festa. Da última vez em que tinha decidido ir, pusera o único vestido bonito que ainda possuía. Era vermelho, justo no peito e nos quadris, com uma saia curta e reta que chegava à metade das coxas. Eu o havia comprado quando James me convidara para o baile de formatura do colégio. Aí ele fora indicado para rei do baile e Grace Ann Henry tinha sido indicada para rainha. Ela quisera ir à festa com ele e ele me telefonara para perguntar se estava tudo bem ir com ela em vez de ir comigo. Todo mundo dizia que eles iriam ganhar e achava legal os dois irem juntos. Então eu concordei e pendurei o vestido de volta no armário. Naquela noite, mamãe e eu assistimos a comédias românticas e nos entupimos de brownie. Pelo que eu me lembrava, aquela fora uma das últimas vezes em que ela pôde comer bobagens sem passar mal por causa da quimio.

Nesta noite, eu tinha tirado o vestido da mala. Pelos padrões daquelas pessoas, não era um vestido caro. Na verdade, era bem simples. O tecido vermelho era um chiffon macio. Baixei os olhos para os saltos pretos da minha mãe que eu havia guardado. Ela os calçara no dia do seu casamento. Eu sempre amara aqueles sapatos. Ela nunca mais tornara a usá-los, mas os guardava dentro de uma caixa muito bem embrulhados.

Eu corria um risco enorme de ir à tal festa e ser humilhada. Não me encaixava no meio daquela gente. Tampouco me encaixara no ensino médio. Minha vida era apenas um eterno constrangimento. Eu precisava aprender a me encaixar, a me afastar da garota desengonçada que era excluída no ensino médio porque tinha problemas mais graves.
Levantei-me e alisei o vestido para remover qualquer amassado produzido pelo tempo que passara sentada ali pensando se iria ou não à festa. Decidi sair do quarto. Quem sabe pegar uma bebida e ver se alguém falava comigo. Se fosse um desastre completo, eu sempre poderia voltar correndo ali para dentro, vestir o meu pijama e me encolher na cama. Aquele seria um passo pequeno, mas muito bom para mim.
Abri a porta da despensa e entrei na cozinha, grata por não ter ninguém ali. Sair da despensa seria um pouco difícil de explicar. Pude ouvir a voz de Liam rindo alto e conversando com alguém na sala. Ele falaria comigo, poderia até me ajudar a me enturmar naquela festa. Respirei fundo, saí da cozinha e desci o corredor até o hall. As rosas brancas e fitas prateadas espalhadas pela casa toda me fizeram pensar em um casamento, não em um aniversário. A porta da frente abriu e eu me assustei.
Parei e vi olhos escuros conhecidos encararem os meus. Senti o meu rosto ficar quente enquanto
Zayn me dava uma longa e vagarosa olhada de avaliação.
– (S/n) – disse ele quando os seus olhos finalmente voltaram ao meu rosto. – Não achei que fosse possível você ficar mais gata. Estava errado.


– Caramba, menina, é mesmo. Você fica ótima depois de um banho. – O rapaz de cabelo louro e olhos azuis sorriu para mim. Não conseguia me lembrar do nome dele. Será que ele tinha me dito?
– Obrigada – consegui articular.
Estava sendo tímida mais uma vez. Aquela era a minha oportunidade de me enturmar. Eu precisava aproveitar a chance.
– Não sabia que Harry tinha voltado a jogar golfe. Ou você veio com outra pessoa?
Fiquei confusa e levei alguns segundos para entender o que Zayn queria dizer. Quando percebi que ele achava que eu estava ali com alguém que conhecera no trabalho, sorri. Não era nem de longe o caso.
– Eu não vim com ninguém. Harry é... bom, a mãe dele é casada com o meu pai.
Pronto, estava explicado.
O lento sorriso descontraído de Zayn se abriu mais um pouco enquanto ele se aproximava de mim.

- É mesmo? Ele está obrigando a irmã postiça a trabalhar no country club? Ora, ora. Esse rapaz não tem modos mesmo. Se eu tivesse uma irmã bonita como você, manteria trancada... o tempo todo. – Ele parou de falar e ergueu a mão para acariciar a minha bochecha com o polegar. – Eu ficaria com você, é claro. Não iria querer que se sentisse sozinha.
Não havia dúvida: ele estava me cantando. Pesado. Aquele ali estava em um nível muito acima do meu. Era experiente demais. Eu precisava de um pouco de espaço.
– Essas suas pernas deviam vir com um aviso. Impossível não tocar.

A voz dele ficou um tom mais baixo e quando olhei por cima do ombro dele vi que o lourinho não estava mais ali.
– Você... Você é amigo do Harry ou da, hã, da Clary? – perguntei, lembrando-me do nome que Liam havia usado para nos apresentar na primeira noite.
Zayn deu de ombros.
– Clary e eu temos uma amizade complicada. Já Harry e eu nos conhecemos a vida inteira. – Woods levou a mão às minhas costas. – Mas posso apostar que a Clary não é sua fã.
Eu não sabia se era. Não tivemos contato nenhum desde aquela primeira noite.
– Na verdade a gente não se conhece.
Zayn franziu o cenho.
– Sério? Que estranho.
– Zayn! Você chegou – guinchou uma mulher ao entrar no recinto.
Ele virou a cabeça e deparou com uma ruiva de longos cabelos cacheados e um corpo cheio de curvas mal coberto por uma roupa de cetim preto. Aquela seria a sua distração. Comecei a me afastar e a voltar na direção da cozinha. Meu momento de coragem tinha passado.
Mas Zayn segurou o meu quadril com força, mantendo-me firme onde eu estava.
– Katy – foi tudo o que ele disse em resposta.
Os grandes olhos castanhos da garota se desviaram dele e pousaram em mim. Observei sem poder fazer nada quando ela viu a mão dele pousada no meu quadril. Aquilo não era o que eu queria. Eu precisava me encaixar.
– Quem é essa? – disparou a menina, agora olhando para mim com raiva.
– Esta é (S/n). A nova irmã do Harry – respondeu Zayn com um tom entediado.
A menina estreitou os olhos e, em seguida, riu.
– Não é, nada. Ela está usando um vestido vagabundo e sapatos mais vagabundos ainda. Não sei quem essa menina é, mas ela está mentindo para você. Mas, enfim, você sempre foi fraco diante de um rostinho bonito, não é, Zayn?
Eu realmente deveria ter ficado no quarto.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Obsession - Chapter Seven




Eu não tinha gasolina na picape, mas tinha uma cama e 20 dólares. Fui depressa até o quarto pegar a minha bolsa e as minhas chaves. Precisava arrumar um emprego o quanto antes.
Debaixo do limpador de para-brisa do meu carro estava preso um bilhete. Peguei o papel e li:
O tanque está cheio.
Liam.
Liam encheu o tanque do meu carro? Senti um calor repentino dentro do peito. Que gentil. A palavra “aproveitador” dita por Harry ecoou nos meus ouvidos e percebi que precisaria reembolsar Liam o mais rápido possível. Não iria passar por aproveitadora feito o meu pai.
Entrei na picape, dei a partida com facilidade e saí de marcha à ré. Ainda havia vários carros em frente à casa, embora não tantos quanto na noite anterior. Todos passaram a noite ali? Estava lá esse tempo todo? Não tinha visto ninguém de manhã, exceto Harry e a menina que ele tinha enxotado.
Harry não era uma pessoa muito simpática, mas era justo; isso eu tinha que admitir. E também era bem gostoso. Eu só precisava aprender a ignorar esse fato. Não deveria ser muito difícil. Não imaginava que Harry fosse ficar perto de mim com muita frequência. Ele não parecia gostar da minha companhia.

Decidi arrumar um emprego em Rosemary para economizar gasolina, assim poderia sair mais rápido da casa de Harry. Tinha encontrado um jornal das redondezas e circulado vários anúncios. Dois eram para vagas de garçonete em restaurantes próximos e fui até lá me candidatar. Embora tivesse a sensação de que receberia a ligação de um deles ou de ambos, acho que não gostaria de trabalhar em nenhum dos dois. Se fossem minhas únicas opções, aceitaria. Só que as gorjetas não pareciam ser grande coisa; e você precisa das gorjetas em um emprego desses.
Passei também na farmácia dos arredores para me candidatar ao emprego de caixa, mas a vaga já tinha sido preenchida. Depois fui ao consultório de um pediatra e me ofereci para o cargo de recepcionista, mas eles queriam experiência, o que eu não tinha.
Circulei um último anúncio, mas deixei para o final porque achava que seria uma vaga muito difícil de conseguir: um cargo de garçonete no country clube local. Pagava sete dólares a mais por hora e as gorjetas seriam bem melhores. Perfeito para o meu plano de me virar sozinha. Além do mais, o emprego tinha benefícios. Um seguro saúde seria ótimo.
O anúncio pedia para os candidatos se apresentarem na sede administrativa, atrás do pavilhão do campo de golfe. Segui as instruções e parei a minha picape ao lado de um Volvo chique. Ajeitei o retrovisor para dar uma conferida no meu visual. Ao passar na farmácia, tinha comprado um tubinho de rímel. Só um pouquinho de rímel ajudaria o meu rosto a parecer mais velho. Passei a mão pelos meus cabelos louro-claros e fiz uma prece rápida para conseguir aquele emprego.
Ao passar no quarto para pegar a minha bolsa, aproveitei para trocar de roupa. Tirei o short e a camiseta e coloquei um vestido sem mangas, mais indicado para conseguir a vaga. Harry disse que eu tinha cara de criança. Queria parecer mais velha. O rímel e o vestido deviam ajudar.
Não me dei ao trabalho de trancar a picape; ali ela não corria risco nenhum de ser roubada. Não quando a maioria dos carros estacionados em volta custava mais de 60 mil dólares. Havia poucos degraus até a porta do escritório. Respirei fundo pela última vez e abri a porta.
 Uma mulher de corpo mignon, cabelos castanhos curtos e óculos de armação de metal estavam atravessando a recepção quando entrei. Ela olhou de relance para o meu rosto a caminho de um dos escritórios e parou. Conferiu rapidamente o resto do meu visual e em seguida meneou a cabeça para mim.
– Veio procurar emprego? – perguntou autoritária.
– Sim, senhora. Vim me candidatar ao cargo de garçonete.
Ela deu um sorriso muito sutil.
– Ótimo. Você tem a aparência certa. Com um rosto assim, os sócios não vão prestar atenção nos erros. Sabe dirigir um carrinho de golfe e abrir uma garrafa de cerveja com abridor?
Assenti.
– Está contratada. Preciso de alguém no campo imediatamente. Venha comigo; vamos arrumar um uniforme para você.
Não discuti. Quando ela deu meia-volta e começou a andar com passos firmes na direção a outro cômodo, fui atrás. Ela era uma mulher com uma missão. Abriu uma porta e entrou.
– Que tamanho de short você usa, 36? A parte de cima vai ser menor do que a que você está usando, mas os homens vão adorar. Eles gostam de busto grande. Vejamos... – Ela estava falando sobre os meus peitos. Que constrangedor! Ela pegou um short branco e uma camisa polo azul-bebê da prateleira e os jogou para mim. – Essa blusa é tamanho P. Tem que ficar justa. Nós somos um estabelecimento de classe, mas os homens aqui também gostam de admirar a paisagem. Assim, proporcionamos o que eles querem dentro de um short branco e de uma camisa polo justa. Não se preocupe com a papelada. Peço para você preencher depois do expediente. Se passar uma semana fazendo isso e fizer direitinho, podemos pensar em mudar você para o salão de jantar. Também estamos precisando de funcionários lá. Rostos como o seu não são fáceis de achar. Agora troque de roupa, vou ficar esperando para levar você até o carrinho de bebidas.
Duas horas mais tarde, eu havia parado duas vezes ao lado de cada um dos dezoito buracos do campo e as minhas bebidas tinham acabado. Todos os golfistas queriam me perguntar se eu era nova e comentar sobre o meu excelente serviço. Eu não era burra. Via o jeito como os homens mais velhos me secavam. Felizmente, todos pareciam tomar cuidado para não avançar nenhum sinal.
A senhora que me contratou enfim me dissera o seu nome depois de praticamente me empurrar para cima do carrinho e me despachar para o campo. Chamava-se Darla Lowry e cuidava da contratação dos funcionários. Era também um verdadeiro furacão. Ela me disse para voltar dali a quatro horas ou quando as minhas bebidas acabassem, o que acontecesse primeiro. As bebidas acabaram em duas horas.
Entrei no escritório e Darla espichou a cabeça para fora de uma das salas.
– Já? – estranhou, saindo com as mãos na cintura.
– Sim, senhora. Minhas bebidas acabaram.
Ela levantou as sobrancelhas. – Todas?
– Sim, todas.
Um sorriso cruzou o seu rosto sério e ela deixou escapar uma risada.
– Ora, quem diria? Sabia que eles iriam gostar de você. Aqueles tarados estavam mesmo dispostos a comprar tudo o que você tivesse só para fazê-la ficar mais tempo por perto.
Eu não tinha certeza se era isso mesmo. Fazia calor no campo; toda vez que eu parava junto a algum buraco, os golfistas faziam cara de aliviados.
– Venha, vou mostrar para você onde reabastecer. Você tem que continuar a servir até o sol se pôr.
Depois volte aqui para preenchermos a tal papelada.
Quando voltei à casa de Harry, já estava escuro. Eu tinha passado o dia inteiro fora. Os carros, antes parados no acesso à casa, haviam desaparecido. A garagem de três vagas estava fechada, com um conversível vermelho caro estacionado do lado de fora. Tomei cuidado para estacionar a picape fora do caminho. Talvez Harry fosse receber mais amigos e eu não queria que o meu carro causasse problemas. Estava exausta. Só queria ir para a cama.
Parei em frente à porta e me perguntei se deveria bater ou simplesmente ir entrando. Harry disse que eu poderia ficar um mês. Com certeza isso devia significar que eu não precisava bater toda vez que chegasse.
Girei a maçaneta e entrei. O hall estava vazio e surpreendentemente limpo. Alguém já tinha arrumado a bagunça ali. O piso de mármore chegava a brilhar. Ouvi uma TV ligada na ampla sala de estar aberta. Não havia muitos outros barulhos. Fui até a cozinha. A cama estava me esperando.
Queria muito uma ducha, mas ainda não tinha conversado com Harry sobre que chuveiro usar e não queria incomodá-lo nessa noite. No dia seguinte, quando acordasse, desceria de fininho para usar o mesmo que usara de manhã.

Cheiro de alho e queijo invadiu as minhas narinas quando entrei na cozinha e minha barriga roncou imediatamente. Eu tinha na bolsa um pacote de biscoitos de manteiga de amendoim e uma caixinha de leite que havia comprado em uma loja de conveniência a caminho de casa. Ganhara algum dinheiro em gorjetas durante o dia, mas não podia gastar tudo em comida. Precisava economizar o máximo que pudesse.
Havia uma panela tampada sobre o fogão e uma garrafa de vinho vazia em cima da bancada. Junto com a garrafa, dois pratos com o que restava de uma apetitosa massa. Harry estava acompanhado.
Um gemido veio lá de fora, seguido por um barulho alto.
Fui até a janela, mas, assim que o luar iluminou a bunda nua de Harry, congelei. Uma linda bunda nua. Linda mesmo. Embora eu nunca tivesse visto a bunda nua de homem nenhum. Subi os olhos pelas suas costas e suas costas eram totalmente limpas sem nenhuma tatuagem, me chamou a atenção já que seu braço e seu peito eram cobertos por tatuagens.

Movia os quadris para frente e para trás, e reparei nas duas pernas compridas que apertava junto às laterais do corpo. O gemido alto se repetiu quando ele acelerou os movimentos. Tapei a boca e dei um passo para trás. Harry estava transando. Do lado de fora. Na varanda. Não consegui desviar os olhos. Ele segurou as pernas dos dois lados do próprio corpo e as abriu mais ainda. Um grito alto me surpreendeu. Duas mãos surgiram nas costas dele e o arranhando.

Eu não deveria estar vendo aquilo. Sacudi a cabeça para clarear os meus pensamentos, me virei e entrei depressa na despensa e no meu quartinho escondido. Não podia pensar em Harry daquela forma. Ele já era um gato; vê-lo transando causava sensações estranhas no meu coração. Não que eu quisesse ser uma daquelas meninas com quem ele transava e depois jogava fora, mas ver o seu corpo daquele jeito e ouvir o que ele fazia a menina sentir me deixava com um pouquinho de inveja. Eu não sabia o que era aquilo. Ser virgem aos 19 anos era triste. James dizia que me amava, mas ele queria uma namorada capaz de sair de casa e transar sem ter que se preocupar com a mãe doente.
Queria uma experiência normal de colégio. Eu precisava dele mais do que nunca, mas não podia lhe dar isso. Então o liberei.

Na véspera, quando avisei que iria para a casa do meu pai, ele me implorara que ficasse. Dissera que me amava e que não tinha me esquecido. Que todas as meninas com quem tinha ficado não passavam de pálidas substitutas. Eu não conseguia acreditar em tudo aquilo. Passara noites demais com medo, chorando até cair no sono. Quando precisei de alguém para me abraçar, ele não estava ao meu lado. James não entendia o que era o amor.
Fechei a porta do meu quarto e caí na cama, sem nem sequer puxar as cobertas. Precisava dormir.
Tinha que estar no trabalho às nove da manhã. Antes de pegar no sono, sorri, grata por ter uma cama e um emprego.

O sol estava particularmente forte. Darla não queria que eu prendesse os cabelos em um rabo de cavalo. Achava que os homens o preferiam solto. Infelizmente, pois isso me fazia morrer de calor.
Estendi a mão para pegar um cubo de gelo dentro do cooler, esfreguei-o no pescoço e o deixei cair dentro da camiseta. Já estava quase no 15o buraco pela terceira vez no dia.
Ninguém na casa estava acordado quando eu levantara. Os pratos vazios continuavam em cima da bancada. Eu os recolhi e joguei no lixo o resto de comida da panela que tinha ficado a noite inteira fora da geladeira. Fiquei triste com tanto desperdício. A comida tinha um cheiro incrível quando eu chegara a casa na noite anterior.

Em seguida joguei fora a garrafa vazia de vinho e encontrei as taças na varanda em cima da mesa, ao lado de onde tinha visto Harry transando com a desconhecida. Pus a louça na máquina, liguei e passei um pano na bancada e no fogão.
Duvidava que Harry fosse notar, mas aquilo fazia eu me sentir melhor com o fato de estar dormindo de graça em sua casa. Parei junto a um grupo de jogadores no 15o buraco. Era um pessoal mais jovem que eu já tinha visto quando estavam no terceiro buraco. Compravam bastante e davam boas gorjetas, então eu aturava as suas cantadas. Não era provável que algum deles quisesse mesmo sair com a menina do carrinho de bebidas do campo de golfe. Eu não era burra.

– Olhe ela aí – disse um dos caras quando parei ao seu lado e sorri.
– Ah, minha garota preferida voltou. Está um calor infernal, moça. Preciso de uma gelada. Ou duas.
Estacionei o carrinho, desci e fui pegar as bebidas na parte de trás do veículo.
– Outra Horan ? – perguntei a ele, orgulhosa por me lembrar do seu último pedido.
– Quero sim, gata.
Ele piscou para mim e chegou mais perto, o que me deixou um pouco constrangida.
– Ei, Niall, também quero uma. Deixe um pouco para a gente – disse outro e eu mantive o sorriso no rosto enquanto pegava a sua bebida. Em retribuição, ele me deu uma nota de 20 dólares. – Pode ficar com o troco.
– Obrigada – agradeci, enfiando o dinheiro no bolso. Ergui os olhos para os outros. – Quem é o próximo?
– Eu – respondeu um de cabelos pretos e olhos castanhos, acenando com
Uma nota.
– Corona, certo? – perguntei, pondo a mão dentro do cooler para pegar a mesma bebida que ele pedira da última vez.
– Acho que estou apaixonado. Ela é linda e lembra a cerveja que eu bebo. E ainda abre a porcaria da garrafa para mim. – Pude ver que ele estava brincando quando pôs a nota na minha mão e pegou
a cerveja. – O troco é seu, linda.
Quando pus a nota no bolso, reparei que era de 50. Aqueles caras não se importavam mesmo em jogar dinheiro fora. Que gorjeta mais ridícula! Tive vontade de lhe dizer para não me dar tanto assim, mas achei melhor não. Eles deviam dar gorjetas como essa o tempo todo.
– Qual é o seu nome? – perguntou um dos rapazes.
Quando me virei, vi o de cabelos escuros e pele morena esperando para me fazer seu pedido e ouvir a minha resposta.
– (S/n) – respondi, pondo a mão dentro do cooler para pegar a cerveja Fina que ele tinha pedido.
Abri a tampa e lhe entreguei a garrafa.
– Você tem namorado (s/n) ? – perguntou ele, pegando a cerveja e passando o dedo na lateral da minha mão em uma carícia.


– Hã... Não - respondi, sem saber se teria sido melhor mentir nessa situação.
Ele deu um passo na minha direção e estendeu a mão com o pagamento e a gorjeta.
– Eu sou oZayn – falou.
– Hum... pra-prazer, Zayn – gaguejei em resposta.
A expressão intensa dos seus olhos castanhos me deixava nervosa. Ele poderia ser perigoso. Além disso, recendia a água de colônia cara. Um cara refinado. Ele fazia parte da elite e sabia disso. Por que estava me azarando?

A expressão intensa dos seus olhos escuros me deixava nervosa. Ele poderia ser perigoso. Além disso, recendia a água de colônia cara. Um cara refinado. Ele fazia parte da elite e sabia disso. Por que estava me azarando?
– Assim não vale Zayn. Pega leve, cara. Você está dando tudo de si. Não é só porque o seu pai é dono deste clube que você pode escolher primeiro – brincou o louro.
Pelo menos eu acho que ele estava brincando.
Zayn ignorou o amigo e continuou a me encarar.
– A que horas você sai?

Xi... Se eu estava entendendo direito, o pai de Zayn era o meu patrão. A última coisa que eu queria era sair com o filho do dono. Seria péssimo.
– Trabalho até a hora de fechar – expliquei, entregando a cerveja para o último dos quatro e pegando o dinheiro.
– Que tal eu vir buscar você e levá-la para jantar? – perguntou Woods, agora muito perto de mim.
Se eu me virasse, ele colaria em meu corpo.
– Está calor e eu estou exausta. Tudo o que vou querer depois do expediente é tomar uma ducha e dormir.
Um hálito morno fez cócegas na minha orelha e eu estremeci enquanto gotas de suor escorriam pelas minhas costas.
– Está com medo de mim? Não precisa ficar. Sou inofensivo.
Eu não sabia muito bem como agir em relação a ele. Nunca fui boa de azaração e tinha quase certeza de que era isso que estava acontecendo ali. Ninguém me paquerava havia anos. Depois que terminei com James, meus dias tinham sido consumidos pelo colégio e depois pela minha mãe. Eu não tinha tempo para mais nada. Os caras nem se davam ao trabalho.
– Não estou com medo de você. É que não estou acostumada com esse tipo de coisa – respondi, me desculpando. Não sabia a forma certa de reagir.
– Que tipo de coisa? – o indagou, curioso. Finalmente me virei para encará-lo.
– Homens. E azaração. Pelo menos acho que é isso que está acontecendo.

Eu parecia uma idiota. O sorriso que se abriu devagar no rosto de Zayn me deu vontade de me esconder debaixo do carrinho de golfe. Aquela situação era mais do que eu conseguia lidar.
– Sim, com certeza é uma azaração. Mas como alguém tão inacreditavelmente gostosa não está acostumada com esse tipo de coisa?
As palavras dele me deixaram tensa. Balancei a cabeça. Precisava passar para o 16o buraco.
– É que eu passei esses últimos anos meio ocupados. E, hã, se vocês não quiserem mais nada, os jogadores do buraco 16 já devem estar bravos comigo.
Zayn compreendeu e deu um passo para trás.

- Ainda vamos conversar. Com certeza. Mas por enquanto vou deixar você voltar ao trabalho.
Fui depressa até a lateral do carrinho e me sentei no banco do motorista. Um bando de aposentados jogava no buraco seguinte. Nunca em toda a minha vida fiquei tão feliz por ser alvo dos olhares cobiçosos de idosos. Ao menos, eles não partiam para o ataque.
Ao voltar para a minha picape, fiquei aliviada por não ver sinal de Zayn. Deveria ter entendido que ele estava apenas provocando a funcionária. Eu tinha ganhado uns 200 dólares de gorjeta nesse dia e decidi que não tinha problema me dar ao luxo de uma refeição de verdade. Entrei no estacionamento do McDonald’s e pedi um cheesebúrguer com fritas, que comi feliz no trajeto de volta até a casa de Harry. Não havia carro nenhum parado na frente da casa desta vez.
Eu hoje não iria surpreendê-lo transando. Mas, pensando bem, ele poderia ter levado alguém até lá de carro. Entrei e parei no hall. A TV não estava ligada. Não havia som algum, mas a porta estava destrancada. Não precisei usar a chave escondida sobre a qual ele havia me falado.

Eu estava muito suada. Precisava de uma ducha antes de ir dormir. Entrei na cozinha e chequei a varanda da frente para ter certeza de que nenhuma estripulia sexual estava acontecendo ali. Tomar uma ducha seria fácil.
Fui até o meu quarto e peguei a cueca samba-canção e a camiseta velha e sem mangas de James que eu usava para dormir. James tinha me dado essas roupas quando éramos jovens e bobos. Queria que eu dormisse vestida com alguma coisa dele e eu as usava desde então, embora agora estivessem muito mais justas do que na época. Eu tinha ganhado algumas curvas desde os 15 anos.

Saí da casa e inspirei profundamente a brisa do mar. Era a minha terceira noite ali e eu ainda não tinha dado um mergulho. Chegara a casa tão cansada que não tivera energia para isso. Desci os degraus e pus o meu pijama no banheiro antes de tirar o tênis.
A areia ainda estava quente com o calor do sol. Atravessei-a no escuro até a água avançar ao meu encontro. O frio me espantou e fiquei ofegante, mas deixei a água salgada cobrir os meus pés.
O sorriso da minha mãe ao me contar sobre a vez em que havia brincado no mar surgiu na minha lembrança. Eu ergui o rosto para o céu e sorri. Finalmente tinha chegado. Estava lá por nós duas.
Um barulho à esquerda interrompeu os meus pensamentos. Virei-me e olhei mais adiante na praia.
Bem no instante em que a lua surgiu por detrás das nuvens, Harry apareceu na escuridão. Estava correndo.
Mais uma vez, não usava camisa. O short pendia baixo nos quadris estreitos. Fiquei hipnotizada com a aparência daquele corpo correndo na minha direção. Não tive certeza se deveria me mexer ou se ele tinha terminado. Ele desacelerou até parar ao meu lado. O suor no seu peito reluzia à luz suave. Por mais estranho que fosse, senti vontade de esticar a mão para tocá-lo. Nada que aquele corpo produzisse podia ser nojento. Era impossível.
– Você voltou – disse ele, respirando fundo alguma vez.
– Acabei de sair do trabalho – falei, tentando olhar para os olhos dele e não para o seu peito.
– Quer dizer que arrumou um emprego?
– É. Ontem.
– Onde?
Não sabia ao certo o que sentia revelando essas coisas. Ele não era um amigo. E era evidente que eu jamais o consideraria da família. Nossos pais podiam até ser casados, mas ele não parecia querer envolvimento algum nem com o meu pai nem comigo.
– No country club de Kerrington – respondi.
Harry levantou as sobrancelhas e deu um passo mais para perto de mim. Segurou o meu queixo com uma das mãos e virou o meu rosto para cima.
– Você está de rímel – falou, examinando o meu rosto.
– Estou.
Tirei o meu queixo da mão dele. Ainda que ele estivesse me deixando dormir na sua casa, não gostava que me tocasse. Ou talvez gostasse e fosse justamente esse o problema. Não queria gostar
que ele me tocasse.
– Deixa você mais com cara da sua idade. – Ele recuou e fez uma lenta avaliação das minhas roupas. – Você é a garota do carrinho de bebidas no campo de golfe – disse, tornando a erguer os olhos.
– Como você adivinhou?
Ele acenou para mim com uma das mãos.
– Pela roupa. Shortinho branco justo e camisa polo. É o uniforme.
Fiquei grata pela escuridão. Tive certeza de que estava vermelha de vergonha.
– Você está fazendo um estrago, não está? – perguntou ele em tom de quem acha graça.
Em dois dias, eu tinha ganhado mais de 500 dólares em gorjetas. Para ele isso não era um estrago, mas para mim, sim. Dei de ombros.
– Fique aliviado em saber que vou sair daqui a menos de um mês.
Ele não reagiu na hora. Eu provavelmente deveria entrar e tomar a minha ducha. Comecei a dizer alguma coisa, mas ele então se aproximou.
– Eu provavelmente deveria ficar. Aliviado, quero dizer. Aliviado para cacete. Só que não estou, (S/n). – Ele fez uma pausa e se inclinou para sussurrar no meu ouvido. – Por que será?
Minha vontade foi estender as mãos e segurar os braços dele para não desmoronar, mas me contive.
– Fique longe de mim, (S/n). Você não vai querer chegar muito perto. Ontem à noite... – Ele engoliu em seco. – Não paro de pensar em ontem à noite. Saber que você estava vendo me deixa louco. Então fique longe. Estou me esforçando ao máximo para ficar longe de você.

Ele se virou e começou a correr de volta para casa enquanto eu ficava ali parada, tentando não desabar na areia.
O que ele quisera dizer com aquilo? Como sabia que eu os tinha visto? Quando vi a porta da casa se fechar atrás dele, voltei andando para lá e fui tomar um banho. Suas palavras me manteriam acordada por boa parte da noite.



sexta-feira, 15 de agosto de 2014

●☆Obsession-Chapter Six☆●

                                         ●☆Obsession-Chapter Six☆●



 'Se acalme comigo
Me cubra, me abrace
Se deite comigo
E me segure em seus braços'



Capitulo Anterior  :

 
– Essa vista nunca fica velha. – A voz grave e arrastada de Harry me espantou. Virei-me e o vi encostado no batente da porta. Sem camisa. Ai, ai, ai.
Não consegui articular palavras. O único peito nu de homem que eu
já tinha visto fora o de James. E isso foi antes de a minha mãe ficar doente, quando eu tinha tempo para namorar e me divertir. O peito de 16 anos de James não exibia aqueles músculos largos e definidos, assim como ele também não tinha aquela barriga tanquinho que eu via diante de mim.
– Está gostando da vista?


Seu tom de quem estava achando graça não me escapou. Pisquei os
olhos e tornei a erguê-los para o sorriso de ironia nos seus lábios. Droga.
Ele tinha me pegado secando o seu corpo.

– Não quero interrompê-la. Eu mesmo estava gostando – continuou ele antes de dar um gole na xícara de café que segurava.
Senti o meu rosto ficar quente; sabia que devia estar vermelha igual um pimentão. Eu me virei de novo e tornei a olhar para o mar. Que vergonha.
Eu estava tentando fazer com que aquele cara me deixasse permanecer ali por um tempo. Ficar babando por ele não era a melhor estratégia.
Uma risada baixinha atrás de mim só fez piorar as coisas. Ele estava rindo de mim. Que ótimo.

– Ah, você está aí. Senti a sua falta na cama quando acordei.
A voz feminina dengosa vinha de detrás de mim. A curiosidade me venceu e eu me virei. Uma menina só de calcinha e sutiã se aconchegava a Harry e corria uma unha comprida e cor-de-rosa pelo seu peito. Não podia culpá-la por querer tocar aquilo. Eu própria estava bem tentada.
– Está na hora de você ir – retrucou-o, tirando a mão dela do próprio peito e se afastando. Vi quando ele apontou para a porta da frente.
– Como é? – rebateu a menina. Pelo ar de incompreensão no seu rosto, ela não esperava por isso.
– Você conseguiu o que queria vindo aqui, gata. Queria que eu te comesse. Conseguiu. Agora já deu para mim.
Sua voz fria, dura e neutra me espantou. Será que ele estava falando sério?
– Você só pode estar de sacanagem! – disparou a menina, batendo o pé.
Harry balançou a cabeça e tomou mais um gole do café.
– Você não pode fazer isso comigo. Ontem à noite foi incrível. Você sabe que foi.
Ela estendeu a mão para o braço dele e ele rapidamente se esquivou.
– Eu avisei ontem à noite quando você chegou implorando e tirando a roupa... A única coisa que iria acontecer seria uma noite de sexo. Só isso.
Prestei atenção na menina. Sua expressão era de pura raiva. Ela abriu a boca para protestar, mas tornou a fechá-la. Com mais uma batida do pé, voltou a passos firmes para dentro da casa.
Eu não conseguia acreditar no que acabara de ver. Era assim que pessoas daquele tipo se comportavam? A minha única experiência de relacionamento tinha sido com James. Embora nunca tivéssemos chegado a transar, ele sempre fora cuidadoso e gentil comigo. Aquilo era duro, cruel.
– Então, dormiu bem? – perguntou Harry como se nada tivesse acontecido. Eu me obriguei a desviar os olhos da porta pela qual a menina havia saído e o examinei. O que  passara pela cabeça dela para ir para a cama com alguém que tinha deixado bem claro que não haveria nada além de sexo? Tudo bem, ele tinha um corpo de causar inveja a modelos... E aqueles seus olhos eram capazes de levar uma garota a fazer loucuras. Mas ainda assim. Era muito cruel.
– Você faz isso sempre? – perguntei antes de conseguir me conter.
Harry levantou a sobrancelha.
– O quê? Perguntar às pessoas se elas dormiram bem?
Ele sabia o que eu estava perguntando. Estava desconversando. Não era da minha conta. Para ele me deixar ficar ali, eu precisava ficar na minha. Abrir a boca para repreendê-lo não era uma boa ideia.
– Transar com garotas e depois jogá-las fora feito lixo? – retruquei.
Fechei a boca, horrorizada com as palavras que acabara de ouvir ecoar na minha mente. O que eu estava fazendo? Tentando ser posta na rua?
Harry pousou a xícara na mesa ao seu lado e se sentou. Recostou-se e esticou as pernas compridas.
Então tornou a me encarar.
– E você, sempre mete o nariz onde não é chamada? – rebateu.
Eu queria ficar brava com ele. Queria, mas não consegui. Ele tinha razão. Quem era eu para julgar ele?
Nem conhecia aquele cara.
– Não, em geral, não. Desculpe – falei e entrei depressa.
Não queria dar a ele uma chance de me expulsar também. Eu precisava daquela cama debaixo da escada por pelo menos duas semanas.
Comecei a recolher os copos vazios e as garrafas de cerveja. Aquela casa precisava de uma faxina e eu podia fazer isso antes de sair para procurar emprego. Só torci para ele não dar festas como aquela todas as noites. Mas, se desse, eu não iria reclamar... E quem sabe? Depois de algumas noites talvez conseguisse dormir com qualquer barulho.
– Não precisa fazer isso. Becca vem amanhã.
Joguei as garrafas que tinha recolhido na lixeira e olhei para ele. Rush estava outra vez em pé no vão da porta, olhando para mim.
– Só pensei que poderia ajudar.
Harry deu um sorriso torto.
– Eu já tenho empregada. Não estou procurando outra, se é isso que está pensando.
Fiz que não com a cabeça.
– Não, eu sei. Só estava tentando ser prestativa. Você me deixou dormir na sua casa ontem.
Harry se aproximou e ficou parado em frente à bancada, com os braços cruzados na frente do peito.
– Sobre isso… a gente precisa conversar.
Ai, droga. Lá vem. Uma noite era tudo que eu iria conseguir.
– Está bem – respondi.
Harry franziu o cenho para mim e senti o ritmo da minha pulsação se acelerar. Ele não tinha notícias boas para me dar.
– Eu não gosto do seu pai. Ele é um aproveitador. Minha mãe sempre tende a arrumar homens assim. É um talento dela. Mas eu acho que você já sabe isso sobre ele. Então estou curioso: por que você veio pedir a ajuda dele se sabia como ele era?

Minha vontade era responder que não era da conta dele. Só que o fato de eu precisar da sua ajuda fazia com que fosse. Eu não podia esperar que ele me deixasse dormir na sua casa sem saber de nada.
Ele merecia saber por que estava me ajudando. Eu não queria que ele pensasse que eu também era uma aproveitadora.

– Minha mãe acabou de morrer. De câncer. Três anos de tratamento custam caro. A única coisa que tínhamos era a casa que a minha avó nos deixou. Tive que vender a casa e todo o resto para pagar as contas de hospital da minha mãe. Não vejo o meu pai desde que ele nos abandonou, cinco anos atrás. Mas ele agora é o meu único parente. Não tenho mais ninguém a quem pedir ajuda.
Preciso de um lugar para ficar até conseguir um emprego e receber alguns salários. Aí vou arrumar a minha própria casa. Minha intenção nunca foi passar muito tempo aqui. Sabia que o meu pai não iria querer que eu ficasse. – Soltei uma gargalhada dura e insincera. – Mas jamais imaginei que ele fosse fugir antes de eu chegar.

O olhar firme de Harry continuava grudado em mim. Aquelas eram informações que eu preferiria que ninguém soubesse. Costumava conversar com James sobre como o abandono do meu pai me
fizera sofrer. A perda da minha irmã e do meu pai tinham sido difíceis para mim e para minha mãe.
Aí James precisou de mais e eu não pude ser quem ele precisava que eu fosse. Tinha que cuidar da minha mãe doente. Havia deixado James livre para sair com outras meninas e se divertir. Eu era só um peso para ele. Nossa amizade permaneceu intacta, mas eu percebi que o menino que um dia pensara amar tinha sido apenas uma emoção infantil.
– Sinto muito pela sua mãe – disse Harry, por fim. – Deve ser duro. Você disse que ela passou três anos doentes. Desde que você tinha 16?

Respondi que sim, sem saber muito bem o que mais dizer. Não queria a pena dele. Só queria um lugar para dormir.
– Você está planejando arrumar um emprego e uma casa para morar.
Não era uma pergunta, ele estava só repassando o que eu acabara de dizer. Por isso não respondi nada.
– O quarto debaixo da escada é seu por um mês. Nesse tempo você precisa arrumar um emprego e juntar dinheiro suficiente para alugar um apartamento. Destin não fica muito longe daqui e o custo de vida lá é mais acessível. Se os nossos pais voltarem antes disso, imagino que seu pai poderá ajudar você.

Soltei um suspiro de alívio e engoli o bolo que bloqueava minha garganta.
– Obrigada.
Harry olhou na direção da despensa que conduzia ao quarto em que eu estava dormindo. Em seguida, tornou a olhar para mim.
– Tenho umas coisas para fazer. Boa sorte na caça ao emprego.
Afastou-se da bancada e foi embora.

 
  
Hi estou aqui de novo ;D