●☆Obsession-Chapter Six☆●
'Se acalme comigo
Me cubra, me abrace
Se deite comigo
E me segure em seus braços'
Me cubra, me abrace
Se deite comigo
E me segure em seus braços'
Capitulo Anterior :
– Essa
vista nunca fica velha. – A voz grave e arrastada de Harry me espantou.
Virei-me e o vi encostado no batente da porta. Sem camisa. Ai, ai, ai.
Não
consegui articular palavras. O único peito nu de homem que eu
já tinha
visto fora o de James. E isso foi antes de a minha mãe ficar doente, quando eu
tinha tempo para namorar e me divertir. O peito de 16 anos de James não exibia
aqueles músculos largos e definidos, assim como ele também não tinha aquela
barriga tanquinho que eu via diante de mim.
– Está
gostando da vista?
Seu tom
de quem estava achando graça não me escapou. Pisquei os
olhos e
tornei a erguê-los para o sorriso de ironia nos seus lábios. Droga.
Ele tinha
me pegado secando o seu corpo.
– Não
quero interrompê-la. Eu mesmo estava gostando – continuou ele antes de dar um
gole na xícara de café que segurava.
Senti o
meu rosto ficar quente; sabia que devia estar vermelha igual um pimentão. Eu me
virei de novo e tornei a olhar para o mar. Que vergonha.
Eu estava
tentando fazer com que aquele cara me deixasse permanecer ali por um tempo.
Ficar babando por ele não era a melhor estratégia.
Uma
risada baixinha atrás de mim só fez piorar as coisas. Ele estava rindo de mim.
Que ótimo.
– Ah, você está aí. Senti a sua falta na cama quando
acordei.
A voz feminina dengosa vinha de detrás de mim. A curiosidade
me venceu e eu me virei. Uma menina só de calcinha e sutiã se aconchegava a
Harry e corria uma unha comprida e cor-de-rosa pelo seu peito. Não podia culpá-la
por querer tocar aquilo. Eu própria estava bem tentada.
– Está na hora de você ir – retrucou-o, tirando a mão dela
do próprio peito e se afastando. Vi quando ele apontou para a porta da frente.
– Como é? – rebateu a menina. Pelo ar de incompreensão no
seu rosto, ela não esperava por isso.
– Você conseguiu o que queria vindo aqui, gata. Queria que
eu te comesse. Conseguiu. Agora já deu para mim.
Sua voz fria, dura e neutra me espantou. Será que ele estava
falando sério?
– Você só pode estar de sacanagem! – disparou a menina,
batendo o pé.
Harry balançou a cabeça e tomou mais um gole do café.
– Você não pode fazer isso comigo. Ontem à noite foi incrível.
Você sabe que foi.
Ela estendeu a mão para o braço dele e ele rapidamente se
esquivou.
– Eu avisei ontem à noite quando você chegou implorando e
tirando a roupa... A única coisa que iria acontecer seria uma noite de sexo. Só
isso.
Prestei atenção na menina. Sua expressão era de pura raiva.
Ela abriu a boca para protestar, mas tornou a fechá-la. Com mais uma batida do
pé, voltou a passos firmes para dentro da casa.
Eu não conseguia acreditar no que acabara de ver. Era assim
que pessoas daquele tipo se comportavam? A minha única experiência de relacionamento
tinha sido com James. Embora nunca tivéssemos chegado a transar, ele sempre
fora cuidadoso e gentil comigo. Aquilo era duro, cruel.
– Então, dormiu bem? – perguntou Harry como se nada tivesse
acontecido. Eu me obriguei a desviar os olhos da porta pela qual a menina havia
saído e o examinei. O que passara pela
cabeça dela para ir para a cama com alguém que tinha deixado bem claro que não haveria
nada além de sexo? Tudo bem, ele tinha um corpo de causar inveja a modelos... E
aqueles seus olhos eram capazes de levar uma garota a fazer loucuras. Mas ainda
assim. Era muito cruel.
– Você faz isso sempre? – perguntei antes de conseguir me
conter.
Harry levantou a sobrancelha.
– O quê? Perguntar às pessoas se elas dormiram bem?
Ele sabia o que eu estava perguntando. Estava
desconversando. Não era da minha conta. Para ele me deixar ficar ali, eu
precisava ficar na minha. Abrir a boca para repreendê-lo não era uma boa ideia.
– Transar com garotas e depois jogá-las fora feito lixo? –
retruquei.
Fechei a boca, horrorizada com as palavras que acabara de
ouvir ecoar na minha mente. O que eu estava fazendo? Tentando ser posta na rua?
Harry pousou a xícara na mesa ao seu lado e se sentou.
Recostou-se e esticou as pernas compridas.
Então tornou a me encarar.
– E você, sempre mete o nariz onde não é chamada? – rebateu.
Eu queria ficar brava com ele. Queria, mas não consegui. Ele
tinha razão. Quem era eu para julgar ele?
Nem conhecia aquele cara.
– Não, em geral, não. Desculpe – falei e entrei depressa.
Não queria dar a ele uma chance de me expulsar também. Eu precisava
daquela cama debaixo da escada por pelo menos duas semanas.
Comecei a recolher os copos vazios e as garrafas de cerveja.
Aquela casa precisava de uma faxina e eu podia fazer isso antes de sair para
procurar emprego. Só torci para ele não dar festas como aquela todas as noites.
Mas, se desse, eu não iria reclamar... E quem sabe? Depois de algumas noites talvez
conseguisse dormir com qualquer barulho.
– Não precisa fazer isso. Becca vem amanhã.
Joguei as garrafas que tinha recolhido na lixeira e olhei
para ele. Rush estava outra vez em pé no vão da porta, olhando para mim.
– Só pensei que poderia ajudar.
Harry deu um sorriso torto.
– Eu já tenho empregada. Não estou procurando outra, se é
isso que está pensando.
Fiz que não com a cabeça.
– Não, eu sei. Só estava tentando ser prestativa. Você me
deixou dormir na sua casa ontem.
Harry se aproximou e ficou parado em frente à bancada, com
os braços cruzados na frente do peito.
– Sobre isso… a gente precisa conversar.
Ai, droga. Lá vem. Uma noite era tudo que eu iria conseguir.
– Está bem – respondi.
Harry franziu o cenho para mim e senti o ritmo da minha
pulsação se acelerar. Ele não tinha notícias boas para me dar.
– Eu não gosto do seu pai. Ele é um aproveitador. Minha mãe sempre
tende a arrumar homens assim. É um talento dela. Mas eu acho que você já sabe
isso sobre ele. Então estou curioso: por que você veio pedir a ajuda dele se
sabia como ele era?
Minha vontade era responder que não era da conta dele. Só
que o fato de eu precisar da sua ajuda fazia com que fosse. Eu não podia
esperar que ele me deixasse dormir na sua casa sem saber de nada.
Ele merecia saber por que estava me ajudando. Eu não queria
que ele pensasse que eu também era uma aproveitadora.
– Minha mãe acabou de morrer. De câncer. Três anos de
tratamento custam caro. A única coisa que tínhamos era a casa que a minha avó
nos deixou. Tive que vender a casa e todo o resto para pagar as contas de
hospital da minha mãe. Não vejo o meu pai desde que ele nos abandonou, cinco anos
atrás. Mas ele agora é o meu único parente. Não tenho mais ninguém a quem pedir
ajuda.
Preciso de um lugar para ficar até conseguir um emprego e
receber alguns salários. Aí vou arrumar a minha própria casa. Minha intenção
nunca foi passar muito tempo aqui. Sabia que o meu pai não iria querer que eu ficasse.
– Soltei uma gargalhada dura e insincera. – Mas jamais imaginei que ele fosse
fugir antes de eu chegar.
O olhar firme de Harry continuava grudado em mim. Aquelas
eram informações que eu preferiria que ninguém soubesse. Costumava conversar
com James sobre como o abandono do meu pai me
fizera sofrer. A perda da minha irmã e do meu pai tinham
sido difíceis para mim e para minha mãe.
Aí James precisou de mais e eu não pude ser quem ele
precisava que eu fosse. Tinha que cuidar da minha mãe doente. Havia deixado
James livre para sair com outras meninas e se divertir. Eu era só um peso para
ele. Nossa amizade permaneceu intacta, mas eu percebi que o menino que um dia pensara
amar tinha sido apenas uma emoção infantil.
– Sinto muito pela sua mãe – disse Harry, por fim. – Deve
ser duro. Você disse que ela passou três anos doentes. Desde que você tinha 16?
Respondi que sim, sem saber muito bem o que mais dizer. Não
queria a pena dele. Só queria um lugar para dormir.
– Você está planejando arrumar um emprego e uma casa para
morar.
Não era uma pergunta, ele estava só repassando o que eu
acabara de dizer. Por isso não respondi nada.
– O quarto debaixo da escada é seu por um mês. Nesse tempo
você precisa arrumar um emprego e juntar dinheiro suficiente para alugar um
apartamento. Destin não fica muito longe daqui e o custo de vida lá é mais
acessível. Se os nossos pais voltarem antes disso, imagino que seu pai poderá
ajudar você.
Soltei um suspiro de alívio e engoli o bolo que bloqueava
minha garganta.
– Obrigada.
Harry olhou na direção da despensa que conduzia ao quarto em
que eu estava dormindo. Em seguida, tornou a olhar para mim.
– Tenho umas coisas para fazer. Boa sorte na caça ao
emprego.
Afastou-se da bancada e foi embora.
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