O que eunãocostumava a ver estacionado em frente a uma casa onde estivesse ocorrendo uma festa eram caminhonetes com lama nos pneus,não automóveis caros e importados. Pelo menos vinte deles ocupavam o comprido acesso de carros daquela casa.Parei a picape Ford de quinze anos da minha mãe em cima da grama para não atrapalhar a saída de ninguém.Meu pai não tinha me dito que daria uma festa esta noite.Na verdade,não tinha me dito quase nada.
Ele tampouco havia aparecido para o funeral da minha mãe. Se eu não precisasse de um lugar para morar,não estaria ali.Tive que vender a casinha que a minha avó nos deixara para pagar as últimas despesas médicas da minha mãe.Tudo que me restava eram as minha roupas e a picape.Ligar para o pai depois de ele não aparecer nem uma vez sequer durante os os três anos da batalha
a da minha mãe contra o câncer foi complizado.
Complicado,mas necessário:ele era o único parente que me restava.
De repente,alguém abriu com um tranco a porta da minha picape.Por instinto,levei a mão até debaixo do assento e peguei a minha nove milímetros.Levantei-a e apontei em cheio para o intruso,segurando-a com as duas mãos e pronta para puxar o gatilho.
-Caraca..eu ia dizer que você estava perdida,mas agora digo o que você quiser . Só guarda esse troço,por favor.
Do outro lado da minha pistola estava um sujeito de cabelos castanhos,com as duas mãos para cima e os olhos arregalados.
Levantei uma das sobrancelhas e mantive a pistola firme. Ainda não sabia quem era aquele cara. Puxar a porta da picape de alguém com um tranco não era um jeito normal de cumprimentar um desconhecido.
-Não,acho que não estou perdida. Aqui não é a casa de Mark Wynn?
O sujeito engoliu seco,nervoso
-Hã...com esse troço apontado para a minha cara eu não consigo pensar direito. Você está me deixando bem nervoso,meu bem.Poderia baixar a pistola antes que aconteça um acidente?
-Eu não conheço você. Está escuro aí fora e eu estou sozinh em um lugar desconhecido. Então me desculpe se eu não me sentir muito segura neste momento . Pode confiar em mim:não vai acontecer acidente nenhum.Eu sei manejar uma pistola muito bem.
O cara não pareceu acreditar em mim e,agora que eu estava olhando melhor,não me parecia realmente ameaçador. Mesmo assim,eu ainda não estava pronta para baixar a arma.
-Mark? - repetiu ele devagar . Começou a balançar a cabeça,então parou. - Peraí,o padrasto novo de Harry de chama Mar. Eu o conheci antes de e Anne viajarem para Londres.
Londres?Harry?Como assim? Esperei mais explicações,mas o cara continuou a encarar a pistola,predendo a respiração. Com os olhos fixos nele,baixei a arma e me certifiquei de acionar a trava de segurança antes de guardá - lá debaixo do banco do motorista. Talvez sem a pistola ele conseguisse se concentrar e me explicar.
-Você tem porte de arma para esse troço ? - perguntou ele,sem acreditar.
Eu não estava com disposição para conversar sobre o meu direito de portas armas . Precisava de respostas.
- Mark está em Londres ? - pergutei,querendo uma confirmação.
Ele sabia que eu chegari hoje.Tínhamos nos falado na semana anterior,depois que vendi a casa.
O sujeito fez que sim devagar e relaxou a postura.
-Você o conhece - perguntou?
- Sou a filha dele.(S/n).
O cara arregalou os olhos,jogou a cabeça para trás e riu.Qual era a graça?Estava esperando que explicasse quando ele estendeu a mão.
- Venha cá, (s/n).Quero apresentar você a uma pessoa.Ele vai amar saber disso.
Encarei a mão dele e estendi o braço para pegar a minha bolsa.
-Tem outra arma aí nessa bolsa?Devo avisar a todo mundo para não te irritar?
O tom provocador da voz dele me impediu de dizer alguma grosseria.
- Você abriu a minha porta sem bater . Fiquei com medo.
- E a sua reação instantânea quando sente medo é apontar uma arma?
Caramba,menina,de onde você é? A maioria das garotas que eu conheço daria um gritinho ou alguma coisa assim.
A maioria das meninas que ele conhecia não fora forçada a se proteger nos últimos três anos. Precisei cuidar da minha mãe,mas não tinha ninguém para cuidar de mim.
- Eu sou do Alabama - respondi,ignorando a mão dele e saltando sozinha da picape.
A brisa do mar bateu no meu rosto e o cheiro salgado da praia era incofudive. Eu nunca tinha visto uma praia. Pelo menos não ao vivo. Apenas em fotos e filmes,mas o cheiro era exatamente o que eu imaginava que seria.
- Quer dizer então que é verdade o que dizem sobre as meninas de Bama.
- Como assim?
Ele desceu os olhos pelo corpo e tornou a subir até o meu rosto. Abriu um sorriso.
- Jeans justo,camisa sem manga e uma pistola. Caramba,acho que errei de estado.
Revirei os olhos e abri a traseira da picape. Tinha uma mala e várias caixas que precisava levar para a Legião da boa vontade.
- Deixa eu te ajudar.
Ele deu a volta e estendeu as mãos paa dentro da caçamba da picape para pegar a mala que a minha mãe mantivera quardada no armário para a 'viagem de carro' que nunca chegamos a fazer. Ela vivia dizendo que um dia iríamos atravessar o país e subir a costa oeste. Isso foi antes de ela ficar doente.
Espantei essas lembraças e me concentrei no presente.
- Obrigada,hã...acho que não sei seu nome.
O cara puxou a mala se virou de volta para mim.
- Como assim?Esqueceu de perguntar quando estava com a arma apontada para minha cara?
Dei um suspiro.Bem,talvez eu tenha exagerado um pouco com a pistola,mas ele me assustara.
- Meu nome e Liam. Eu sou...hã..amigo do Harry.
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